terça-feira, 18 de junho de 2013

Espelho, espelho meu

Uso óculos desde os 5 anos, o que não é exatamente sinônimo de beleza na nossa sociedade, por causa disso meu apelido sempre foi "quatro-olhos". Aos 8 tudo foi piorou, graças ao aparelho dentário que, desde o móvel até o fixo, me acompanhou até os 15 anos. Daí já viu, né? "Betty, a feia" foi a gozação da vez por um bom tempo. É de se imaginar que eu não virei exatamente um poço de auto-estima. Para mim todas as minhas amigas eram mais bonitas, eu nunca encontraria ninguém, nenhum menino olharia para mim. Olhar no espelho era um horror, só insatisfação, queria mudar tudo. Síndrome do "patinho-feio" minhas amigas falavam, besteira minha mãe dizia.... mas nada disso mudava o que eu via no meu reflexo.

Foi com 16 anos que isso começou a mudar, pouco tempo depois que eu tirei o aparelho, um menino que eu adorava na época elogiou meu sorriso (uhul, os 7 anos de tortura metálica valeram a pena!). Um tempo depois quando fui fazer a sobrancelha a moça reparou nos meus cílios e se apaixonou por eles. A partir de então comecei a reparar mais nesses detalhes, e percebi que eles tinham razão. Mudei um pouco o jeito que me olhava e minha atitude, a insegurança sempre tava lá, mas eu sorria mais e eu me valorizava mais. Ainda não me considerava bonita, mas sabia que "não era de se jogar fora", vamos assim dizer.

Mas só realmente ganhei auto-estima e auto-confiança para me olhar no espelho e apreciar minha beleza ano passado. Um dia meu namorado, logo no inicio da relação mesmo, disse: Amor, gosto tanto dos seus óculos, acho um dos seus maiores charmes". Os óculos! Os "quatro-olhos"! O que tinha sido motivo de chacota virou charme!

Nossa sociedade é tão preocupada com estereotipar o conceito de beleza que nós perdemos ela na multidão de chapinhas, corpos sarados e silicones. Passei a ter certeza que pode ser que nem todos sejam bonitos, mas todos têm algo bonito, basta abrir os olhos (ou deixar alguém lhe mostrar) e reparar.


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